O valor do dinheiro no tempo
- Tânia Paes
- 23 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
“Primeiro é preciso poupar e depois partir para o consumo consciente e sustentável.” (Alex Campos. Faça as Pazes com o Dinheiro. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015.)

Este tema é tão importante e impactante que voltamos a ele, traduzindo em números reais (juros atuais) uma situação simples que exija de qualquer um de nós tomar uma decisão sobre consumir imediatamente a qualquer custo ou abrir mão do consumo por um período suportável e, com isso, também abrir mão do crédito, sempre tão caro no Brasil.
— Desejo adquirir um automóvel avaliado em R$60 mil. Não possuo esta importância e preciso decidir entre poupar até conseguir juntar o valor ou contratar um empréstimo junto ao meu banco. Afinal, eles estão sempre me oferecendo! Já está até disponível na minha conta-corrente... E eu ainda posso escolher: pessoalmente, pela internet, pelo aplicativo do celular... É tão fácil!
Consultei o gerente e me foram oferecidas várias condições de pagamento para tomar emprestados R$60 mil.
Poderia, exemplo, pagar 57 parcelas de R$1.937,17 = R$110.418,69
Mas eu optei por pagar 36 parcelas de R$2.515,37 = R$90.553,32
— Puxa!!! Mas o carro custa R$60 mil!!!!
É isto, vou pegar os R$60 mil emprestados, e levar o carro para casa hoje; no entanto, ao final de algum tempo, terei pago entre 1,5 e 2 vezes o valor do automóvel.
E se eu optar por não pegar o financiamento e poupar o mesmo valor das parcelas para comprar o carro?
Se for possível poupar R$2,5 mil por mês, em 24 meses será possível comprar o carro à vista, pelo valor de R$63,9 mil. (Aumentamos um pouquinho porque, coitadas das montadoras... Precisam reajustar os valores em pelo menos 3% ao ano. Isto, hoje, com o país em crise!)
Se só for possível poupar R$1,9 mil por mês, será necessário esperar 32 meses, menos de 3 anos para pagar em torno de R$65 mil pelo automóvel dos seus sonhos.
Diante disso, qual seria a sua opção? Esperaria menos de 3 anos para ter o desejo satisfeito ou pagaria quase duas vezes o valor do automóvel?
Esta é uma decisão individual, e vários fatores precisam ser levados em conta. Mas a verdade é que o dinheiro realmente custa muito caro. Muito mais do que seu próprio valor, quando transformado em qualquer bem de consumo. Ao contrário do automóvel, por exemplo, que vai perder valor de revenda ao longo dos 36 meses que levaríamos para pagar o empréstimo, o dinheiro que você tomou emprestado vai continuar custando pelo menos 1,5 vez o valor inicial do automóvel, até a última prestação.
A maioria dos impulsos de consumo é apenas isto, um impulso, e pode ser ponderado e controlado. É claro que há circunstâncias que fogem à categoria de consumo simplesmente. É o caso das emergências de saúde, por exemplo. Mas mesmo nessas circunstâncias vitais, é possível, com um pouco de pesquisa, um pouco de estudo, negociar condições mais favoráveis para contratações de empréstimos. Desconfie sempre de tudo que parece muito fácil, muito imediato, muito “já está até na minha conta”. Emprestar dinheiro é um dos produtos oferecidos pelos bancos. Mas eles não vão ganhar nada se ninguém contratar os empréstimos, correto? Então tenha certeza de que é possível negociar. Mais do que isto: é só seu, o poder de negociação. Caso a instituição financeira com a qual você normalmente lida não aceite negociar, avise que irá transferir seus interesses para outra mais disposta.
Quer saber como? Continue nos acompanhando!
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