Selic a 2% ao ano. O que isso significa para você e sua empresa?
- Tânia Paes
- 11 de ago. de 2020
- 3 min de leitura

O Banco Central anunciou que a inflação deste ano deverá ficar em 1,09%. Já analistas de mercado acreditam que ela deverá chegar a 2,72%.
Caso a previsão do Banco Central se concretize, não há razão para falar em juros negativos. A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), que remunera o capital investido e garante o poder de compra da moeda, está fixada em 2%. Mais do que a inflação prevista.
Um exemplo para ilustrar o que acontece com a Selic a 2% a.a./Inflação em 2020 a 1,09%:
Uma cesta de produtos custa hoje $100. Em agosto de 2021 uma cesta com os mesmos produtos custará R$101,09 (inflação de 1,09%). Se eu deixar o dinheiro aplicado a 100% da taxa Selic (2% a.a.), terei R$102,00 em agosto de 2021. Ou seja, eu aplico o dinheiro e ao final do período compro a cesta e me resta R$0,91 (R$102 – R$101,09 = R$0,91). Os 91 centavos correspondem ao meu ganho real.
Mas se as previsões dos analistas se concretizarem, tudo muda de figura:
A cesta que hoje custa R$100,00 passará a custar R$102,72 em agosto de 2021. Com o seu dinheiro investido à remuneração de 100% da Selic, você resgatará R$102,00. O valor corrigido não comprará a mesma cesta de produtos (R$102 – R$102,72 = –R$0,72). Quando a taxa de juros remunera o capital a uma taxa menor do que a inflação do mesmo período, temos taxa real de juros negativa.
Previsões à parte, como isto afeta o cotidiano de empresários e consumidores?
Como investidores, precisaremos encontrar alternativas de investimento que remunerem acima da inflação e acima da Selic. Empreender pode ser uma ótima opção – a taxa média de lucratividade de pequenos negócios gira em torno de 8%. Também pode ser vantajoso investir em empresas de capital aberto por meio da compra de ações.
Ambas as oportunidades fazem a economia girar e geram empregos. Este é o objetivo da política monetária quando reduz a taxa de juros. Em 2015 a Selic chegou a 14,25%, com uma inflação de 9,81% no mesmo período. Ou seja, tínhamos juros reais de 4,04% ao ano, mas a economia não girava porque era melhor aplicar o dinheiro em renda fixa (Selic) do que correr risco e empreender diante de uma expectativa de lucro de 8% que poderia não se concretizar.
Para empreendedores que precisam recorrer a empréstimos, taxas de juros reduzidas são muito vantajosas. As parcelas a serem pagas têm mais chances de caber na margem de lucro das empresas. Aqueles que conseguirem uma linha de crédito como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), por exemplo, ao custo de Selic + 1,25%, não terão dificuldades caso mantenham sua margem de lucro em 8%. Já com taxas de juros elevadas é bem mais difícil manter empresas abertas; mais difícil ainda fazê-las crescer.
Resumidamente, este é o movimento da política monetária, e juros reais negativos não significam desaceleração da economia. Ao contrário, podem significar crescimento, novos empreendimentos, expansão dos negócios existentes e garantia de mais empregos.
O setor imobiliário está otimista com os juros mais baixos e os agentes financeiros esperam aumento da demanda por crédito imobiliário. Mas este ponto fica para a próxima semana.
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