O número de pequenas e médias empresas inadimplentes, que já era alto, ficou ainda maior em junho, em relação aos dois meses anteriores deste ano. Quando a comparação é feita com o mesmo período de 2017, o aumento é de 9,45%. É o que afirmam os dados da Serasa.
Segundo os economistas responsáveis pela pesquisa, o aumento da inadimplência reflete “a lenta retomada do crescimento da economia brasileira, a dificuldade na geração de caixa das pequenas empresas e o aumento do custo de matérias-primas”.
Fonte: Serasa Experian
Quando falamos em dívida, é normal que todos pensem: lá vem uma baita dor de cabeça. Mas nem sempre o endividamento é ruim. Se estiver alinhado à estratégia de crescimento da empresa e a sua capacidade de pagamento, pode ser uma ferramenta legítima para expansão de negócios. Mas quando o endividamento não é precedido de planejamento sério, ele tem enormes chances de virar inadimplência. Infelizmente, é este o caso ilustrado pela pesquisa.
A Serasa aponta algumas causas para o aumento de inadimplência que poderiam ter sido evitadas. Bastaria que as pequenas e médias empresas tivessem implementado algumas ações:
Para gerar caixa é necessário ter um prazo de recebimento menor ou no máximo igual ao prazo de pagamento.
Na indústria e no comércio é preciso manter níveis de estoques justos ou ter uma relação de confiança com fornecedores e utilizar os estoques deles.
Parecem medidas simples, correto? Longe disso. Exigem planejamento e identificação do problema antes que ele aconteça, para que se tenha tempo hábil para negociar com clientes e fornecedores.
Fabio Frezatti, autor de Orçamento Empresarial: Planejamento e Controle Gerencial, publicado originalmente em 1999, conta que o maior incentivo para escrever o livro foi a percepção de que, embora importantes, planejar e controlar o negócio, em muitas empresas, constituem ações que ainda não foram entendidas adequadamente pelos executivos. Quase 20 anos depois ainda percebemos claramente a dificuldade de empreendedores entenderem a importância de planejamento e controle. Não importa o tamanho da empresa ou o mercado globalizado: se há tarefas a cumprir, atividades a desempenhar, produtos a fabricar, serviços a prestar, você precisa planejar e controlar todas as etapas de cada uma dessas ações.
Alguns empreendedores justificam que não planejam e controlam porque não contam com o sistema ERP (Enterprise Resource Planning). ERP é um sistema integrado de informação responsável por cuidar de todas as operações diárias de uma empresa. Sem medo de errar, é possível arriscar dizer que, independentemente da ferramenta a ser utilizada – se um sistema de última geração ou o velho e eficiente Excell® –, o que realmente importa para a tomada de decisão acertada é a disciplina com que os registros são realizados e a correta interpretação dos dados.
Não podemos mais culpar o ritmo de crescimento da economia, ou a falta dele. Em momentos como o que vivemos atualmente no país, planejamento e controle rigorosos são a solução. Eles representam a diferença entre engrossar números de inadimplência e tornar-se um caso de sucesso.